Desde sua criação, em 2003, pela Portugal Telecom, este prêmio sempre valorizou a literatura e o mercado editorial brasileiros, consagrando-se como um dos mais importantes do Brasil — mesmo depois de 2007, quando foi aberto para autores lusófonos (desde que tenham sido publicados no Brasil).
Suas regras restringem a premiação a obras com primeira edição brasileira no ano anterior. As editoras ou os próprios autores podem inscrever suas obras. Não podem concorrer livros dedicados ao público infantil ou infantojuvenil.
A avaliação das obras inscritas é feita em etapas. Na primeira etapa, os livros são analisados por um grupo extenso de especialistas em literatura, que elegem os semifinalistas (este ano foram 63 obras). Posteriormente, um grupo seleto de jurados (eleitos pelo júri inicial) escolhe os livros finalistas (este ano, 12 obras). Por fim, os finalistas são ranqueados e os primeiros colocados recebem um generoso prêmio em dinheiro (este ano, R$ 100.000,00 para o vencedor).
Por conta desta estrutura de avaliação e escolha das obras, acabam sendo premiados livros que também são vencedores ou finalistas de outros importantes prêmios literários brasileiros. Em especial, chama a atenção a premiação dos seguintes anos:
- Na primeira edição do prêmio, em 2003, Bernardo Carvalho venceu o Portugal Telecom com “Nove Noites”, que também foi vencedor do Prêmio Jabuti e do Prêmio Machado de Assis (da Fundação Biblioteca Nacional).
- Em 2004, Luiz Antonio de Assis Brasil venceu o Portugal Telecom com “A Margem Imóvel do Rio”, finalista do Prêmio Jabuti.
- Em 2005, Silviano Santiago foi finalista do Portugal Telecom com “O Falso Mentiroso”. Menciono o autor por concorrer ao prêmio este ano.
- Em 2006, Milton Hatoum venceu o Portugal Telecom com “Cinzas do Norte”, vencedor também do Prêmio Bravo! Prime de Cultura, do Troféu APCA e do Prêmio Jabuti.
- Em 2008, Beatriz Bracher foi finalista do Portugal Telecom com “Antonio”, também finalista do Prêmio Jabuti.
- Ainda em 2008, Bernardo de Carvalho foi finalista do Portugal Telecom com “O Sol se Põe em São Paulo”, que também foi finalista do Prêmio Jabuti.
- O vencedor do Portugal Telecom de 2008 foi Cristovão Tezza, cujo livro “O Filho Eterno” é o romance mais premiado da literatura brasileira contemporânea, tendo vencido, além do Portugal Telecom, os seguintes prêmios: Jabuti, Bravo! Prime de Cultura, Passo Fundo de Literatura, São Paulo de Literatura e Troféu APCA.
- Em 2010, Chico Buarque venceu o Portugal Telecom com “Leite Derramado”, que arrebatou o prêmio de “livro do ano” (há controvérsias) no Jabuti, tendo vencido também o Prêmio Bravo! Prime de Cultura.
- Ainda em 2010, Rodrigo Lacerda foi finalista do Portugal Telecom com “Outra Vida”, que também venceu o Prêmio ABL de Ficção.
- Em 2011, Rubens Figueiredo venceu o Portugal Telecom com “Passageiro do Fim do Dia”, finalista dos prêmios Jabuti e Bravo! Prime de Cultura e vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura.
- Em 2012, Valter Hugo Mãe, que concorre ao Oceanos deste ano, venceu com o livro “A Máquina de Fazer Espanhóis”.
No início de 2015, com a venda da Portugal Telecom para um grupo francês, o prêmio ficou sem patrocínio. (Aliás, neste ano de crise para o mercado editorial brasileiro, também foi cancelado o Prêmio Passo Fundo de Literatura). Felizmente, em junho veio o anúncio de que o Itaú Cultural passaria a patrocinar o antigo Prêmio Portugal Telecom, que passou a se chamar “Oceanos: Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa”.
Se pudermos considerar os prêmios literários como um farol do que está acontecendo na literatura — ou, mais precisamente, no mercado editorial —, então o Prêmio Oceanos de 2015 apresenta os seguintes fatos para interpretação:
- Entre os 63 semifinalistas, há 29 romances, 18 livros de poesia ou prosa poética, 10 livros de contos, 5 livros de crônicas e 2 diários ou relatos de viagem.
- Entre as 26 editoras e selos editoriais, destacam-se: a Companhia das Letras, com 14 livros entre os semifinalistas; a Record, com 9 livros entre os semifinalistas; a Cosac Naify, com 6 livros; 7Letras, Alfaguara e Rocco, cada uma com 3 livros; Biblioteca Azul, Confraria do Vento, Editora 34, Iluminuras e Patuá, cada uma com 2 livros entre os semifinalistas.
- Entre os autores, destacam-se: Ana Miranda, com dois romances (um pela Record, outro pela Companhia das Letras), e Rodrigo Garcia Lopes, com um romance pela Record e um livro de poesias pela Kan.
Ainda entre os fatos relacionados aos autores, destaco os seguintes romancistas:
- Alberto Mussa, vencedor, na última década, dos prêmios Casa de las Américas, ABL de Ficção, Machado de Assis e Troféu APCA.
- Alexandre Vidal Porto, cujo romance semifinalista do Prêmio Oceanos, “Sérgio Y. vai à América”, venceu o Prêmio Paraná de Literatura em 2012.
- Ana Miranda, que já foi vencedora do Prêmio ABL de Ficção.
- Bernardo Ajzenberg, cujo romance semifinalista do Prêmio Oceanos, “Minha Vida sem Banho”, venceu o Casa de las Américas de 2015.
- Carola Saavedra, que já foi vencedora do Troféu APCA.
- Chico Buarque, vencedor, na última década, dos prêmios Portugal Telecom, Jabuti, Passo Fundo de Literatura, Troféu APCA e Bravo! Prime.
- Cristovão Tezza, vencedor, na última década, dos prêmios Portugal Telecom, Bravo! Prime, Passo Fundo, ABL de Ficção, São Paulo de Literatura e Troféu APCA.
- Elvira Vigna, que já foi vencedora do Prêmio ABL de Ficção.
- Evandro Affonso Ferreira, que já foi finalista do Prêmio Bravo! Prime e vencedor do Troféu APCA.
- Luisa Geisler, que já foi vencedora do Prêmio Sesc de Literatura.
- Luiz Ruffato, que já venceu os prêmios Casa de las Américas, Machado de Assis e Troféu APCA.
- Silviano Santiago, que já venceu os prêmios Portugal Telecom e ABL de Ficção.
A lista completa dos semifinalistas pode ser consultada aqui.
Atualização: os vencedores na categoria romance foram: Silviano Santiago, com “Mil rosas roubadas” (Companhia das Letras); Elvira Vigna, com “Por escrito” (Companhia das Letras); e Alberto Mussa, com “A primeira história do mundo” (Record). A lista dos vencedores pode ser consultada aqui.